sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Ah as pessoas cativantes...


“Não é que estes seres metafísicos, manipuladores de sensações, façam (sempre) de propósito, mas eles tem consciência de seu domínio e abusam dele em nós, pobres mortais enfeitiçados.



Estava aqui pensando: o tempo todo somos advertidos sobre quantas pessoas malucas e doidas existem por aí, quantas pessoas maldosas, que é para tomarmos cuidado. Mas ninguém fala “Cuidado, existem muitas pessoas interessantes por aí”. Bom, pensando bem, talvez não precisaria da advertência, né?! Eu nem estou falando das pessoas que são só legais (se é que se pode dizer "só") pq isso eu já cheguei a conclusão que elas são maioria. Mas as pessoas interessantes.. Ah, essas sim  afetam o coraçãozinho da gente.

São pessoas encantadoras, gostosas... Pessoas que transmitem uma sensação apaziguadora de graça e do nada. E a minha palavra preferida: são pessoas cativantes. Pessoas que falam com vontade, se movimentam em sincronia de voz, movimentos e assunto, dominam o ritmo e principalmente tem brilhos nos olhos. Não são pessoas felizes o tempo todo, são pessoas que são cítricas e/ou azedas as vezes  também, são irônicas, que se sentem excitadas emocional/intelectual/pessoalmente, são pessoas com tesão pela vida. Afinal corre a boca pequena que "podem ensinar, podem botar ordem.. Mas o tesão, ah esse tem que trazer de casa".

Vivendo em São Paulo então, é possível cruzar com pessoas assim nos mais diversos lugares. Por exemplo, se você, heave user do busão, nunca conversou com a pessoa ao lado, não sabe o que está perdendo. Dois dos meus diálogos preferidos desse ano aconteceram no puta trânsito da paulista.

Pessoa 1: Uma senhora de 80 anos, tinha acabado de retirar o gesso antes da data prevista pois, queria visitar sua filha que mora na Suíça. Ela estava sentada e segurou minha sacola enquanto conversávamos (Não  era uma sacolinha, eu tinha acabado de comprar um edredom de casal e uma manta). Ela é austríaca, criada no Brasil, tem duas filhas médicas morando na Suíça, uma delas desistiu da medicina  por lá e resolveu abrir  dois cafés que tocam jazz no lago de Lausane. Me disse que estava animada para viajar pois seria uma surpresa para a festa de 60 anos de umas das filhas. Ela morou quase a vida inteira no centro de SP e quando ficou viúva se mudou para uma chácara em Atibaia para poder se dedicar a sua paixão: Orquídeas. Me passou algumas receitas, dicas de como fazer capas para o edredom e de suas viagens pela Europa, inclusive morou 6 meses na mesma cidade que eu morei na Holanda. Quando ela disse que desceria no próximo ponto me deu aquela sensação de fim de filme bom.

Pessoa 2: Outra senhora, dessa vez de 70 anos. Portuguesa, morava em SP há 40 anos, me viu mexendo no celular e soltou uma: - “Como vocês jovens querem conhecer pessoas se ficam o tempo todo com esse computadorzinho na mão?”. Respondi concordando em gênero, número e grau e ela começou a contar de quando paquerava os moços antigamente por carta  quando eles estavam na guerra. De como eram as expectativas,os sonhos... Me contou do seu primeiro amor, de como veio parar no Brasil, contou das cidades que viveu em Portugal. Dessa vez, fui eu quem precisei descer no próximo ponto, mas cogitando a possibilidade de ficar mais um pouco. Foi uma comédia romântica (principalmente pelo fato que ela usava uma sacolinha plástica na mão para não tocar no ônibus rs).

Bom, esses foram dois casos aleatórios que me encantaram, mas nem sempre as pessoas interessantes necessariamente passam por nós por 30 min. e vão pro beleléu. Existem muitas pessoas que encontramos por um acaso e os diálogos possíveis e impossíveis continuam. Assim foi com a terceira pessoa que me encantou esse ano:

Pessoa 3: Somente simpatizei com sua camisa do botafogo em um grupo do facebook e ele virou um grande amigo. Dividimos informação de muay thai e ele me contagiava com seus desejos. Falamos sobre psicanalise, futebol, traumas de infância e sorvete (claro, ele era o maior contribuidor das conversas e sabia de tudo) e passei a ter um carinho e admiração  por uma pessoa até então desconhecida e que me encanta e contagia até hoje em todas as nossas conversas.

E entre esses encontros sempre aparece uma ou outra pessoa cativante.. Uma cozinheira daqui, uma senhorinha acolá, uma chefa apaziguadora, um economista no meio do caminho... E assim a gente segue a vida e se encantando.



Nenhum comentário:

Postar um comentário